Congelamento de óvulos

Dra. Patrícia Varella Especialista em Ginecologia, Obstetrícia e Reprodução Humana Assistida

A evolução da sociedade e da medicina se encontram quando o assunto é congelamento de óvulos, cada vez mais solicitados pelas mulheres que decidem adiar a gravidez, seja por motivos profissionais ou até mesmo por questões de saúde.

O fato é que muitas mulheres desejam ser mães e até mesmo constituir uma família, mas de uma forma mais planejada, com vida estável e, claro, com sua saúde garantida, tornando o momento da maternidade mais inesquecível e prazeroso.

Para isso, é preciso saber como o congelamento de óvulos pode te ajudar e assim tomar sua decisão o quanto antes e de forma sábia.

O que é congelamento de óvulos?

A princípio, o congelamento dos óvulos, cujo nome técnico é criopreservação, é uma técnica que visa a preservação dos óvulos em nitrogênio líquido, que devido a vantagem de resfriamento rápido garante as características necessárias para uma fertilização posterior.

A saber, nos últimos anos, o congelamento de óvulos atrai cada vez mais mulheres, graças aos avanços da Medicina Reprodutiva, desde 1986, marco da primeira gravidez com um ovócito (oócito) congelado.

Desde então, a taxa de gravidez que era cerca de 1% na descoberta do método, evoluiu para 95% de sobrevivência por meio da vitrificação, que aprimorou a preservação do óvulo, que é uma célula sensível com grande quantidade de água em seu interior que danos e alterações dificultar a fertilização dos óvulos, a divisão celular e a implantação dos embriões. 

O número de pacientes que buscam pelo congelamento de óvulos com o intuito de adiar a maternidade triplicou.

Como funciona o congelamento de óvulos?

Em primeiro lugar, saiba que o congelamento de óvulos, é uma técnica que exige profissionais especializados, bem como, um ambiente adequado e seguro para a conservação.

Da mesma forma, é preciso garantir que a mulher esteja em condições saudáveis para retirada dos óvulos e, consequentemente, a fertilização in vitro (FIV), onde uma ginecologista especialista em fertilidade é responsável por esta intervenção.

Após os resultados dos exames da mulher mostrarem que ela está apta a dar continuidade, começa o processo, chamado de estimulação ovariana. Ele é feito com hormônios, durante um período de 10 dias, cujo objetivo é produzir o maior número de oócitos (óvulos maduros) que um ciclo natural, enquanto há tempo, oferecendo à paciente maior chance de sucesso nos tratamentos de reprodução assistida.

Essa parte é acompanhada por exames de ultrassonografia a fim de identificar a evolução da criopreservação.

Por fim, as etapas finais são o congelamento dos óvulos e, até o momento que a mulher desejar o descongelamento dos óvulos para efetivar o processo de fertilização in vitro. 

Onde os óvulos ficam congelados?

Os óvulos são conservados em nitrogênio, uma substância congelante, que protege e diminui a quantidade de líquido em seu interior, evitando a formação de cristais que podem danificar ou alterar as estruturas das células ovarianas.

Em outras palavras, esse processo é chamado de vitrificação, em que os óvulos são congelados a uma temperatura a 196 graus negativos em minutos.

Para quem o congelamento de óvulos é indicado?

Para mulheres que desejam planejar a gravidez num momento futuro, sem se deparar com problemas de fertilização devido a idade avançada.

Já se sabe que as chances de uma gestação de ordem natural diminuem entre os 33 e 37 anos, logo, o planejamento precoce é primordial para que o desejo de ser mãe se realize.

O avanço do desenvolvimento dos negócios também abriu um espaço maior às mulheres, garantindo a elas um futuro profissional a longo prazo, logo, a busca por estabilidade no trabalho e alcance do sucesso, tornaram-se os primeiros objetivos, deixando a maternidade e suas alegrias para depois.

Entretanto, questões de saúde podem fazer com que a mulher precise utilizar da técnica de congelamento de óvulos para que as chances da maternidade estejam garantidas. São os casos: 

  • Histórico familiar de mulheres com menopausa precoce;
  • Mulheres que farão tratamentos contra o câncer;
  • Pacientes em tratamento de doenças autoimunes;
  • Mulheres que farão cirurgia para remoção de ovários e cistos de endometriose.

Por isso, é importante programar o congelamento de óvulos com antecedência, a fim de iniciar as avaliações e cuidados necessários à saúde da mulher, aumentando assim, as chances de uma gravidez no futuro.

Diferença de congelamento de embriões e congelamento de óvulos

Uma dúvida comum que recebo de algumas mulheres ao visitar pela primeira vez o meu consultório, é quanto a questão do congelamento embrionário e sua diferença quanto ao congelamento de óvulos.

Em suma, a criopreservação de óvulos se relaciona quanto a preservação do gameta feminino e no caso dos embriões congelados, se trata da preservação de um óvulo que foi fecundado posteriormente pelo espermatozóide, por meio da F.I.V (fertilização in vitro). 

As diferenças, sobretudo, são quanto às regras e limitações no caso do congelamento de embriões: 

  • O congelamento de óvulos dá mais autonomia à paciente na decisão do momento da gravidez;
  • Diferente dos óvulos, os embriões não podem ser descartados antes de três anos de congelamento;
  • Somente no congelamento de embriões requer documentação escrita sobre o que deve ser feito em casos de divórcio ou dissolução de união estável, doenças graves ou falecimento de um ou de ambos e quando desejam doá-los;

Por fim, a mulher e o seu parceiro devem se informar sobre os pontos importantes da reprodução assistida e assim, decidir com muita cautela sobre o congelamento dos óvulos ou embriões

O congelamento de óvulos oferece algum risco à mulher?

Apesar de os riscos envolvidos serem mínimos, há casos que podem acontecer:

  • Desenvolver a síndrome do hiperestímulo ovariano, um desconforto temporário (cerca de 10 dias), com risco menor que 1% que se define pela retenção de líquidos;
  • Em casos mais raros, a coleta de óvulos pode ocasionar infecção e sangramento intenso, que necessita de atendimento médico de emergência, principalmente quando acompanhado de febre alta, dores abdominais, dificuldades para urinar e ganho de peso repentino;
  • Estudos também apresentaram que pode ocorrer lesões nos órgãos da região pélvica, com casos menores que 0,5% das punções aspirativas (coleta) de óvulos; 

Todavia, o congelamento de óvulos não apresenta consequências, como problemas congênitos aos bebês nascidos por meio desta técnica.

Idade máxima para congelamento de óvulos

Aqui na clínica, eu costumo orientar que as probabilidades de sucesso na gravidez são maiores quando o congelamento de óvulos é feito antes dos 35 anos.

É claro que, mulheres acima dessa faixa etária também podem, entretanto, a quantidade de óvulos maduros (com qualidade para congelamento) costumam ser menores.

Como a maior parte do processo de gestação e desenvolvimento do bebê está relacionado ao relógio biológico da mãe, é preciso ter em mente que após os 35 anos, os riscos de uma gravidez com complicações e bebês com malformações aumentam.

O fato é que as mudanças do estilo de vida feminino também incluem sua decisão de engravidar e a medicina reprodutiva tenta acompanhar essa escolha, buscando novos e melhores métodos que possibilitem as condições mais favoráveis para a gestação tardia.

Por fim, o fator mais significativo e que a medicina não tem autonomia o suficiente para interferir, é que a reserva de óvulos é finita, diminuindo a partir dos 30 anos, e que dentro 15 ou 20 anos, a mulher entra no período da menopausa, impossibilitando a fertilidade.

Por quanto tempo os óvulos podem ficar congelados?

A princípio, o mais indicado é que no máximo 10 anos, os óvulos possam ser descongelados para dar início ao processo seguinte, entretanto, sua conservação em nitrogênio líquido é indeterminada.

Inclusive, o Conselho Federal de Medicina, informa que o aconselhável é que a fertilização in vitro ocorra no máximo aos 50 anos, a fim de evitar uma gravidez de risco.

Quais os exames necessários?

Tão importante para elevar as chances de sucesso do congelamento dos óvulos e da própria fertilização, são os exames solicitados à paciente.

Após uma avaliação individualizada da paciente, alguns exames são solicitados, como exames de rotina, dosagem hormonal anti-mülleriano (AMH), ultrassonografias, ecografia transvaginal durante a menstruação, entre outros.

Os exames para congelamento dos ovários servem para atestar que a mulher possui reserva ovariana de qualidade e suficiente para o momento da coleta. 

Antes de mais nada é preciso esclarecer que o congelamento de óvulos faz parte do que chamamos de planejamento, onde não é possível garantir uma gravidez.

Entretanto, quanto mais cedo for tomada a decisão, aumenta-se as chances de uma gestação saudável e as probabilidades de sucesso.

O descongelamento e fertilização

Por fim, é chegado o momento em que a mulher decide engravidar e o processo se dá pelo descongelamento dos óvulos, podendo inclusive, realizar o congelamento dos óvulos não utilizados, embora seja desconhecido o impacto dessa ação.

Então, a fertilização se inicia no laboratório, onde os óvulos são fecundados com o espermatozóide do parceiro e implantados no útero da mulher.

A fertilização, por sua vez, pode ser feita de forma clássica (FIV) ou por injeção intracitoplasmática de espermatozoides, conhecida como ICS. A técnica escolhida pode variar de acordo com o histórico reprodutivo da mulher e do homem envolvidos.

Tanto médico especialista, como o casal, podem decidir neste momento, quantos desses embriões (no máximo 4) serão transferidos ao útero, não excedendo as regras de ética do conselho.

A saber, a técnica é indolor, feita com acompanhamento visível por ultrassom e cateter flexível, que normalmente dispensa o uso de anestesia local.

Passados 12 dias da implantação, é solicitado à mulher um exame de Beta hCG (β-hCG) a fim de acompanhar a evolução, ou seja, a gravidez propriamente dita, que em caso positivo se inicia a reposição de estradiol e progesterona, durante as primeiras 12 semanas de gestação.

Isso é feito para que a gravidez dê continuidade, diminuindo os riscos de aborto, até o momento que placenta esteja satisfatória e começa a produzir estes hormônios de forma independente. 

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Artigo escrito pela Dra. Patrícia Varella 

Ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana assistida

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INFORMAÇÕES DO AUTOR:

Dra. Patrícia Varella Especialista em Ginecologia, Obstetrícia e Reprodução Humana Assistida

Médica formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), também fez residência médica em Ginecologia e Obstetrícia na mesma instituição.
CRM-SP nº 93928