Oncoinfertilidade

O diagnóstico de câncer é um momento bastante sofrido na vida de um indivíduo. Dessa forma, torna-se difícil pensar no futuro, nos próximos desafios a enfrentar. Contudo, você sabia que é possível ter filhos após a recuperação de um câncer?

Sim! Isto é feito, graças à oncofertilidade. 

Atualmente, com o aumento do diagnóstico precoce da doença, estima-se que cada vez mais pacientes se recuperam dos tratamentos do câncer.

Mas afinal, você sabe o que é a oncofertilidade? O que ela significa para pacientes com câncer?

Oncofertilidade: definição

Além da cura, profissionais da saúde também estão preocupados sempre em trazer qualidade de vida aos pacientes oncológicos. Os tratamentos mais utilizados, como a quimioterapia e a radioterapia, podem, muitas vezes, levar à infertilidade.

Dessa forma, a oncofertilidade é a área da medicina preocupada na preservação da fertilidade em pacientes com câncer, que desejam ter filhos após o tratamento da doença. Em outras palavras, é uma área médica que une uma equipe multidisciplinar, com especialidades de oncologia e reprodução humana, com o propósito de maximizar o potencial reprodutivo futuro de pacientes que vão se tratar ou que já se trataram do câncer.

Assim, para que haja sucesso na preservação, o primeiro passo é o congelamento de espermatozoides, óvulos, embriões ou tecido testicular e ovariano, antes de começar qualquer tratamento da doença. Além disso, dentro do processo, deve-se escolher o método mais adequado, sem prejudicar a saúde do paciente.

Métodos de preservação da fertilidade

Dessa forma, a  oncofertilidade utiliza alguns métodos para tornar possível que esse paciente consiga ter filhos no futuro. São eles:

  • Bancos de gametas: essa é a melhor alternativa quando há tempo suficiente para a coleta de material, o congelamento e o armazenamento de óvulos e sêmen. A coleta de óvulos pode demorar de duas a seis semanas, uma vez que é necessário estimular a ovulação por meio de hormônios. Já a coleta de sêmen é mais rápida e simples. Quando o paciente já tem um parceiro definido, realiza-se a fecundação e os embriões são congelados, aumentando as chances de sucesso de gestação no futuro.
  • Doação de gametas: quando a preservação de gametas ou embriões não tenha sido feita ou a gestação a partir do material congelado não tenha tido sucesso,utilizam-se  óvulos e espermatozoides doados. 
  • Útero de substituição: permite-se esse método no Brasil entre parentes de até quarto grau desde que não envolva transações comerciais. Dessa forma, utiliza-se nos casos em que o útero sofre danos durante o tratamento do câncer e a mulher não pode mais ter uma gestação a termo. 

Situações especiais

Antes de tudo, vale lembrar, que existem algumas situações especiais que requerem a atenção, por terem restrições quanto aos métodos estabelecidos. É o caso de pacientes adultos que devem iniciar o tratamento imediatamente após o diagnóstico para aumentar a chance de sobrevivência. Além disso, existem os casos das crianças que não passaram pela puberdade.

Assim, neste caso a produção de gametas só se inicia na puberdade, sendo impossível a coleta de óvulos ou espermatozoides. Dessa maneira, as possibilidades são a proteção genital e pélvica através do uso de mantas de chumbo durante a radioterapia e o congelamento de tecido ovariano.

Tratamento imediato

Por fim, quando o tratamento do câncer precisa ser iniciado imediatamente, as medidas de preservação de fertilidade nas mulheres são semelhantes às das crianças. Utilizam-se também hormônios injetáveis que reduzem o fluxo sanguíneo para os ovários durante o tratamento quimioterápico.

Em suma, há ainda a possibilidade de congelamento e a preservação dos fragmentos do tecido ovariano para um futuro transplante.

Esta técnica experimental já obteve resultados bastante satisfatórios. Cerca de 40 nascimentos saudáveis no mundo. Atualmente, tem se tornado bastante promissora!

Oncofertilidade em homens e mulheres

De antemão, juntamente com os métodos citados acima, iremos especificar mais detalhadamente cada um, separando os mesmos entre homens e mulheres.

Mulheres

Além de clínicas de apoio emocional, existem várias opções disponíveis para a preservação de gametas, em pacientes oncológicos.

Dessa forma, as opções consistem em:

Criopreservação de óvulos: Como dito anteriormente, consiste no congelamento de óvulos. Para a realização, a mulher submete-se, através de medicamentos, à estimulação ovariana. Após, os folículos são aspirados por via vaginal. Por fim, com os óvulos coletados, eles são congelados a temperaturas de 196°C negativos.

Supressão medicamentosa: Técnica que consiste em paralisar o funcionamento dos ovários durante o período em que a mulher se submeterá ao tratamento oncológico, como a quimioterapia.

Preservação do tecido ovariano: Em suma, precisa ocorrer antes que o tratamento seja iniciado. Assim, fragmentos do tecido ovariano são coletados e preservados para maturação futura de folículos em laboratório.

Elevação dos ovários (CIRURGIA): Do mesmo modo que o anterior, realiza-se antes do início da radioterapia. Técnica busca retirar os ovários da direção dos raios da radioterapia, quando o tratamento pode atingir a pelve da paciente.

Homens

Em síntese, assim como as mulheres, o desejo de preservar a fertilidade passa também pelos homens. Dessa forma, é necessário que estes busquem a oncofertilidade antes de se submeterem a um tratamento de quimioterapia ou radioterapia.

Em suma, para pacientes masculinos, existem duas formas de preservação:

Proteção de testículos: Analogamente ao método com mulheres, a técnica consiste em evitar que os testículos fiquem expostos à radiação da radioterapia.

Criopreservação de espermatozoides: Sêmen do paciente será recolhido e poderá ser necessária a realização de mais de uma coleta. Portanto, na maioria das vezes, são feitas de duas a três coletas. Após, o material genético será avaliado e preparado para o congelamento. A temperatura costuma ser inferior a 196° C negativos.

Fase do câncer e diagnóstico precoce

Por fim, como sabemos, a infertilidade aumenta com idades avançadas. Em outras palavras, os riscos de infertilidade em pacientes com câncer são maiores, à medida que o diagnóstico é feito em pessoas mais velhas.

Mas porque isso acontece?

Isso acontece devido ao fato que as terapias oncológicas envelhecem o ovário em aproximadamente 10 anos. Dessa forma, mulheres com idade superior a 35 anos, tendem a ter mais dificuldade.

Assim, quanto mais precoce for o diagnóstico da doença, maior será a possibilidade de preservação da fertilidade. Ou seja, a estratégia depende muito do tipo e estágio do câncer!

Agende sua consulta!

INFORMAÇÕES DO AUTOR:

Dra. Patrícia Varella Especialista em Ginecologia, Obstetrícia e Reprodução Humana Assistida

Médica formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), também fez residência médica em Ginecologia e Obstetrícia na mesma instituição.
CRM-SP nº 93928

Agende sua consulta

Blog e Artigos