Miomas tem que ser tratados com cirurgia?

Dra. Patrícia Varella Especialista em Ginecologia, Obstetrícia e Reprodução Humana Assistida

A grande maioria das mulheres, em algum momento de sua vida, já teve que lidar com um mioma ou conhece alguém que tenha. 

Eles são mais comuns do que você pensa, sendo o tumor mais frequente na genitália feminina. Eles atingem 70% das mulheres em idade reprodutiva, dos 30 aos 50 anos, tirando o período de menopausa. 

O mioma é conhecido também como fibromioma, fibroma ou leiomioma, sendo caracterizado pela proliferação tumoral benigna de uma das camadas do útero chamada de miométrio, que é a camada mais rica em células musculares.

Mesmo sendo tão comuns, ainda não sabemos exatamente sua causa. No entanto, eles costumam surgir em resposta a um desequilíbrio hormonal com a produção de estrogênio e progesterona.

Vale ressaltar que o mioma é considerado uma lesão benigna, então as mulheres não precisam se preocupar na transformação do mioma em câncer. Mas, muitas delas podem sofrer com sintomas como:

  • Sua menstruação pode conter sangramentos excessivos; 
  • Sensação de peso na região pélvica;
  • Desconfortos abdominais;
  • Dores durante as relações sexuais;
  • Infertilidade. 

Por isso, os miomas devem ser tratados corretamente com um ginecologista e, se necessário, removidos cirurgicamente. 

Tratamento do mioma

O tratamento do mioma deve ser realizado para o controle dos seus sintomas. Os principais tratamentos são os hormônios, medicamentos para dores e sangramento, histerectomia, miomectomia, embolização e radiofrequência. 

O tratamento hormonal tem como objetivo diminuir as cólicas e o sangramento, nenhum tratamento hormonal tem como resultado curar os sintomas. O tratamento para os miomas com hormônios é indicado para mulheres sem desejo reprodutivo imediato, uma vez que as medicações impedem a gravidez. 

Os principais medicamentos existentes são as pílulas anticoncepcionais, DIUs, implantes e progesteronas. 

Quando algum desses tipos de tratamento hormonal não tiver resultado positivo para o controle dos sintomas do mioma, a paciente deve alterar o tipo de hormônio e sua administração.

Métodos para tratar o mioma 

A pílula anticoncepcional e o anel vaginal, são boas opções para mulheres que já utilizaram e se adaptaram e podem ser utilizadas de maneira contínua, sem pausas, especialmente nas pacientes que apresentam anemia.

As mulheres que não podem usar estrogênio, como pacientes com lúpus ou trombose prévia, as progesteronas podem ser utilizadas, uma vez que não aumentam o risco de trombose. 

O uso de progesterona pode ser via oral ou vaginal, com comprimidos diários, injetáveis mensais e trimestrais. 

Outra opção do uso da progesterona incluem algumas opções de DIU como o Mirena, que liberam baixas doses da substância, com ação no útero e conseguem na maior parte das vezes suspender a menstruação. 

Os implantes são outros tipos de opções para as mulheres que não querem colocar o DIU. Existem diferentes hormônios que podem ser utilizados nos implantes, com vantagens adicionais, sendo eles: etonogestrel e o implante de gestrinona.

O GnRH é uma medicação que induz a uma menopausa e pode ser utilizado por até seis meses. O seu análogo é indicado na diminuição dos nódulos antes de uma cirurgia e para suspender totalmente a menstruação, tratando a anemia.

Porém, após a suspensão deste tratamento, os miomas geralmente retornam às dimensões em pouco tempo.  

Medicamentos para tratamento do mioma  

Além dos tratamentos hormonais, outros medicamentos podem ser usados para controlar os sintomas do mioma

Os anti-inflamatórios têm dupla finalidade, diminuindo o sangramento menstrual e as cólicas. Os medicamentos antifibrinolíticas são uma boa opção para as pacientes, pois possuem poucos efeitos colaterais e são efetivos para diminuir a menstruação.

A anemia deve ser prontamente realizada com suplementos de ferro via oral ou endovenosa, dependendo de cada caso clínico. 

Caso de cirurgia para tratamento de mioma 

A cirurgia para o tratamento de mioma apresenta indicações nos seguintes casos:

  • Infertilidade;
  • Suspeita de malignidade;
  • Falha no controle dos sintomas com tratamento clínico. 

Geralmente, a cirurgia não é a primeira opção de tratamento para o mioma. Existem dois tipos de cirurgias para uma mulher com miomas: a miomectomia e a histerectomia.

Miomectomia 

A miomectomia é uma cirurgia para a retirada apenas dos miomas e é indicada para mulheres com desejo de engravidar e nos nódulos submucosos. 

Na existência de poucos miomas, a miomectomia pode ser realizada por laparoscopia ou por cirurgia robótica. 

Quando a paciente apresenta muitos miomas, a cirurgia deve ser feita por laparotomia, um corte semelhante ao da cesárea. 

Os miomas submucosos devem ser retirados por histeroscopia, uma cirurgia realizada colocando uma câmera através do colo uterino, retirando assim os miomas. A histeroscopia é uma cirurgia de baixo risco e não há cortes no abdome da paciente. 

Toda cirurgia para retirada de miomas apresenta um risco de evoluir para uma histerectomia, se houver algum sangramento exagerado ou de difícil tratamento, que possa colocar em risco a vida da paciente. 

Histerectomia

A histerectomia é uma cirurgia para a retirada do útero e pode ser uma das opções de tratamento para mulheres que já tiveram filhos e não têm mais o desejo de engravidar, 

A cirurgia deve ser realizada somente se os sintomas não forem controlados com tratamento clínico. A histerectomia pode ser total ou subtotal, sendo assim:

  • Histerectomia total: colo e o corpo uterino são retirados;
  • Histerectomia parcial: somente o corpo uterino é retirado, sendo que o colo uterino continua no local.

As histerectomias podem ser realizadas de três maneiras, pela laparoscopia e cirurgia robótica, cirurgia convencional ou histerectomia vaginal. 

Laparoscopia e cirurgia robótica 

Por meio da laparoscopia ou cirurgia robótica é possível ter acesso de maneira minimamente invasiva todo abdome, sendo a escolha preferencial de muitas mulheres. No caso de doenças não diagnosticadas anteriormente, como a endometriose, é possível realizar o tratamento da doença na mesma cirurgia.

Cirurgia convencional 

A laparotomia é a cirurgia mais convencional, feita por meio de um corte semelhante ao da cesárea, reservada para casos em que o útero apresenta dimensões muito maiores. 

Histerectomia vaginal 

Na histerectomia vaginal é realizada a retirada do útero pela vagina, uma cirurgia menos agressiva que a cirurgia convencional, sendo indicada nos casos de úteros não muito volumosos.

Deve ser evitada nos casos em que há suspeitas de aderências pélvicas, como em mulheres com cesáreas prévias e endometriose.

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Artigo escrito pela Dra. Patrícia Varella

Ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana assistida

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INFORMAÇÕES DO AUTOR:

Dra. Patrícia Varella Especialista em Ginecologia, Obstetrícia e Reprodução Humana Assistida

Médica formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), também fez residência médica em Ginecologia e Obstetrícia na mesma instituição.
CRM-SP nº 93928