Ovodoação

A Ovodoação é um processo que contribui para a realização do sonho de inúmeras mulheres de se tornarem mães, trazendo uma solução para os problemas de fertilidade. Para realizar esse procedimento, porém, é importante se atentar à legislação e aos cuidados envolvidos nessa caminhada.

Para saber quem pode efetuar a doação de óvulos, quem pode receber esses gametas e todos os detalhes sobre o procedimento, continue a sua leitura e confira as informações abaixo. Vamos lá? 

O que é ovodoação?

A ovodoação consiste na doação de óvulos para serem utilizados na FIV — Fertilização In Vitro. Os gametas são coletados por um ginecologista e são tratados em laboratório, sendo congelados até o momento da utilização, ou fecundados porespermatozoides, quando já se tem uma receptora. Entenda a regulamentação dessa prática! 

O que diz a legislação sobre a ovodoação?

A ovodoação é regulamentada por uma resolução do CFM (Conselho Federal de Medicina), que foi atualizada em Setembro de 2022. A legislação reconhece que a infertilidade é um problema de saúde, trazendo implicações médicas e psicológicas para as pacientes.

A partir dessa percepção — e do reconhecimento dos avanços científicos na área da Reprodução Assistida —, a doação de óvulos é reconhecida como uma prática válida e positiva para as mulheres, desde que sejam respeitadas as seguintes implicações:

  • a doação é voluntária e vista como um ato altruísta, não sendo permitida a sua remuneração;
  • é permitida a doação por familiares com até 4° de parentesco, desde que não haja consanguinidade;
  • a doação deve ser anônima, havendo excessão apenas quando feita por parentes;
  • a doação pode ser compartilhada, de modo que duas mulheres dividem os custos da FIV — sendo que uma delas utilizará seus óvulos para a fertilização de ambas. 

Quem pode se beneficiar da ovodoação?

A doação de óvulos contribui para a realização de sonhos em diferentes situações, sendo aproveitada por mulheres com problemas de fertilidade (que não podem utilizar os próprios gametas), casais homoafetivos que contam com uma barriga de aluguel ou mesmo homens que desejam ser pais solo. Saiba quais são os requisitos envolvidos no processo! 

Quem pode fazer a doação de óvulos?

Ainda considerando a resolução do CFM, podem ser doadoras de óvulos as mulheres que:

  • tenham entre 18 e 37 anos de idade;
  • não sejam a cedente do útero (barriga de aluguel);
  • estejam em boas condições de saúde, realizando uma série de exames para sua aprovação.

O limite de idade pode ser excedido quando se doa para parentes, mas estes devem estar cientes dos riscos que os gametas podem desenvolver. 

Quem pode receber a doação de óvulos?

As receptoras, por sua vez, devem ser mulheres de, no máximo, 50 anos de idade — sendo que as pacientes de até 37 anos podem receber até 2 embriões, enquanto as mais velhas podem receber até 3. Podem ser abertas exceções para quem tem mais de 50 anos, mas é preciso que o seu médico apresente critérios que comprovem a ausência de comorbidades não ligadas à fertilidade.

Como é feita a ovodoação?

A ovodoação segue um processo semelhante ao da Fertilização In Vitro, sendo composta por três etapas principais. Confira! 

Estimulação ovariana

Para estimular a produção de folículos e garantir uma quantidade maior de óvulos para doar, a paciente inicia o processo utilizando medicações hormonais, que devem ser ingeridas (ou injetadas) por cerca de 10 dias. Ao longo dessa etapa, ela fará acompanhamento com o ginecologista para verificar o crescimento dos folículos, recebendo no final o hormônio hcg para ajudar na maturação dos gametas.

Punção

Cerca de 35 horas depois de receber o hcg, os óvulos serão aspirados dos ovários da doadora. O médico realiza esse procedimento a partir de uma punção: o uso de uma pequena agulha, que recolhe os gametas de maneira indolor.

Congelamento ou fertilização

Com os óvulos já coletados, é feita uma seleção dos que se apresentam em melhores condições — que serão utilizados para o processo de fertilização. Se já houver uma receptora aguardando esses gametas, eles serão fecundados em laboratório por espermatozóides, sendo então direcionados para a mulher. Se não houver uma receptora, porém, eles devem ser congelados e armazenados no banco de óvulos. 

Qual a taxa de sucesso da ovodoação?

A taxa de sucesso da ovodoação — ou seja, de os óvulos doados terem sucesso na gestação — pode variar de 5% a mais de 60%, dependendo de uma série de circunstâncias. A idade da doadora pode influenciar na qualidade dos gametas, assim como as particularidades da receptora também são grandes diferenciais.

Pode ser necessária mais de uma tentativa para a fertilização, sendo importante conversar sobre as possibilidades com o seu profissional. Contar com um bom ginecologista, que seja especialista na área e se mostre acolhedor, faz toda a diferença para o seu bem-estar e as suas chances nesse processo. 

Quais são os cuidados necessários para o tratamento?

Para otimizar as chances de sucesso da FIV, tanto a receptora dos óvulos quanto a doadora devem tomar alguns cuidados:

  • é preciso manter uma boa alimentação, de preferência que seja anti-inflamatória e antioxidante. Evite alimentos industrializados, gordura e açúcar em excesso;
  • o álcool e o tabagismo devem ser eliminados, pois atrapalham as medicações necessárias (para a doadora) e prejudicam a saúde da receptora;
  • as atividades físicas devem ser cuidadosas, sem atividades de grande impacto e sem práticas exageradas. Siga as orientações de profissionais para evitar qualquer equívoco.

A ovodoação é um gesto bonito e admirável, que contribui para a felicidade de muitas pessoas. Precisamos levar essas informações a cada vez mais mulheres, para que mais doadoras sejam encontradas!

Se você tem interesse em realizar a ovodoação, agende uma consulta e venha conversar! Será um prazer te receber.

INFORMAÇÕES DO AUTOR:

Dra. Patrícia Varella Especialista em Ginecologia, Obstetrícia e Reprodução Humana Assistida

Médica formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), também fez residência médica em Ginecologia e Obstetrícia na mesma instituição.
CRM-SP nº 93928

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